sexta-feira, 15 de agosto de 2008

a teoria do caos

num mundo que nas últimas duas décadas assistiu à queda de um "ismo" e ao apogeu doutro, ganharam relevo novos sistemas, cada vez mais complexos e dinâmicos.
sistemas em que o mais pequeno ruído é amplificado, em que erros microscópicos são influenciados por interacções gigantescas entre os seus diversos componentes levando a resultados perfeitamente aleatórios.
nunca como hoje o bater de asas duma borboleta, a milhares de quilómetros de distância, poderia determinar o caos casuístico a que assistimos segundos depois nos nossos próprios quintais.

os novos "ismos" reinantes sem freio nem regulação, sob o manto diáfano e benemérito da solidariedade planetária venderam uma ideia aos politicos; era necessário que o norte "desenvolvido" enchesse o prato ao sul "miserável". nasceu assim um novo paradigma e com ele entrou no léxico comum a palavra "globalização". da qual dizem, ter entrado silenciosa e insinuante e debaixo da qual, digo eu, se abrigam inúmeras ambiguidades e erros de julgamento: quem é que hoje ainda acredita que não fosse pelo instinto de sobrevivência do novo "ismo", e tudo estaria exactamente na mesma. todavia, o tiro no pé foi de tal ordem que é já o próprio "ismo" a requerer como que em virtude de um direito divino a reposição do anterior status quo.

ou seja, como a coisa correu mal, exige-se agora "regulação"; o velho capital acusa o novo capital, a ambição do ganho desmesurado gerou o monstro dos produtos estruturados em que o subprime é apenas a ponta do icebergue, inventou-se o mercado de futuros, e os fundos soberanos, de estados democraticamente musculados funcionam já como armas apontadas às economias ocidentais. em suma, todo o equilíbrio geo-estratégico está virado do avesso.

a nós ocidentais, exige-se agora mais trabalho por menos dinheiro e dizem-nos que o paradigma mudou. aos outros, a todos os outros, continua a oferecer-se a mesma merda de vida que infelizmente sempre tiveram. no final, aprendemos todos que já não existem almoços grátis e que este vai sair mais caro do que aquilo que estaríamos dispostos a pagar.

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